A Arte de Nam June Paik

“A Vídeo Arte imita a natureza, não em sua massificação ou em seu aspecto físico, mas na sua estrutura temporal, na sua irreversibilidade”.
Nam june Paik

Nam June Paik, se especializou na arte eletrônica, participava de um movimento de arte neo-dadaista, conhecido por Fluxus,que chegou à Alemanha na década de 60. Este movimento unia ao Concerto tradicional o som de objetos, e elementos inusitados que não instrumentos musicais. Sua grande estréia foi no “Exposition of music-eletronic television”, espalhando diversos televisores por todos os lugares, utilizando imãs para distorcer as imagens. Essa obra ficou conhecida como “TV Magnet” e deu origem ao vídeoarte.
Paik foi um dos artistas responsáveis por transformar, a então vídeoarte em arte respeitável, digna de ser apresentada em grandes Museus e Galerias, como o Guggenheim e Whitney (ambos mostraram em anos diferentes uma retrospectiva da arte deste artista).
Arte como forma de expressão surgiu em paik a princípio como resultado de movimentos anti-guerra e de cunho político dos anos 50 a 70. Paik trabalhava com cinema, televisão, fitas cassetes e esculturas inanimadas. Recentemente tinha se mostrado interessado na tecnologia a laser. Sua última instalação, denominada “pós- vídeo” combina a imagem cinética movida a laser num tecido tencionado, enquanto cascatas de água e fumaça são vistos sobre a imagem.
A combinação do cinema e da TV nos é apresentada como uma advertência aos novos meios que hão de surgir, revolucionando a tecnologia como nós a conhecemos. Ele visa, com seu trabalho criar uma televisão universal, e cuja compreensão seja aberta ao mundo, cujo conteúdo seja um resultado das várias visões e análises propostas.
A obras de Paik nos faz pensar sobre novas possibilidades de uso dos meios tecnológicos e, principalmente, a reflexão sobre a cultura de massa e a possibilidade de uso mais elaborado e libertador desses veículos. A aula mais importante a ser tomada de Paik é que o artista tem que saber olhar para os movimentos conceituais dos anos 60, aprender com eles e saber criar formas alternativas de expressão tomando como base a própria tecnologia que impacta as nossas vidas.
Paik transforma não apenas as imagens mas o próprio aparelho televisivo como arte, incorporando-o à sua escultura.

Biografia

Nasceu em 20 de julho 1932 em Seul, Coréia.

1950 imigrou com a família para o Japão, durante a Guerra da Coréia.

1956 Gradua da Faculdade de Tókio com bacharel em História da Arte e Historia da Musica, incluindo uma tese sobre Arnold Schonberg (compositor austro-húngaro, 1874-1951. Especialista em escrever concertos para violino).

1956-58 Estudou História da Musica na Universidade de Munique, e simultaneamente, Composição no Conservatório de Freiburg.

1958-63 Tem seu primeiro encontro com a musica eletrônica nos estúdios de John Cage em Colônia.

1963-64 Conhece Shuya Abe no Japão onde trabalha com eletroímãs e televisão da cor.

1965 “Arte Eletrônica” foi o titulo de sua primeira exibição solo nos Estados Unidos, na Galeria Bonino.

1966-69 Mostra sua primeira instalação com múltiplos televisores. Um destes trabalhos “performances” é mostrado ao vivo no canal GBH-TV de Boston.

1969-70 Constrói o primeiro sintetizador de vídeo junto com Shuya Abe.

Morou e trabalhou em Nova Iorque, e mantinha uma segunda casa em Bad Kreuznach. Foi professor na Staatliche Kunstakademie, em Dusseldorf.

1996, foi homenageado do 11º Festival Internacional de Arte Eletrônica Videobrasil, realizado em 1996 no Sesc Pompéia, em São Paulo.
Ao final desse mesmo ano, Nam June Pasik teve um derrame que o deixou parcialmente paralizado.

Faleceu em 29 de janeiro de 2006.

É membro honorário :
Staatliche Kunstakademie, Dusseldorf desde 1979.
Akademie der Kunste, Berlin, desde 1987.

Obras Marcantes


Meu Fausto (1989-1991)
Esta peça é composta por treze aparelhos de televisão, cada um transmitindo um canal diferente, correspondente os treze canais a cabo do estado de Nova Iorque. O agrupamento dos aparelhos remete `a imagem neo-Gótica da Cruz Católica. Além dos televisores, a instalação é ornamentada com peças íntimas do artista, como camisetas surradas mostrando quão desapegado a bens materiais ele é.

TV relógio (1989).
24 Televisores coloridos, sem som algum. Cada televisor é cortado por um feixe branco estático de luz que simboliza a hora do dia. O artista nos mostra a que ponto chegamos: o tempo, outrora algo dinâmico e natural agora faz parte da vida estática da tecnologia, dos televisores, do ser humano.

Charlotte Moorman faz uma apresentação do concerto de Paik para TV Cello e Vídeo Cassetes (1971) na Galeria Bonino em Nova Iorque.

Vídeo Peixe (1975).
Um monitor de TV ligado em três canais diferentes é colocado “dentro” de um tanque contendo água e peixes. Qual é o limite entre vida e tecnologia? É possível haver esta co-existência... eis o tipo de reflexões que a instalação nos propõe.


Família de Robôs: Avó à esquerda, Avô à direita, (1986).

Mega rodovia eletrônica: Estados Unidos Continental (1995).
São 313 monitores mostrando 47 canais fechados de TV: Eis aqui a simultaneidade do Pais, das telecomunicações, do espaço físico. O pais é senão a tecnologia que produz e as imagens/ informação que difunde.

TV Rodin (1978).
O mesmo princípio da arte sobre o Buda.

TV Buda (1974).
Arte como auto referencia. O Buda metálico é a arte enquanto escultura e arte enquanto imagem neste circuito fechado de TV, que em última instancia é a vídeo arte.

Em 1964 Paik fez uma performance em plena Park Avenue, em Nova Iorque mostrando quão frágil são as relações entre homem e tecnologia e quão frágeis são tanto os homens quanto a tecnologia. Paik conduziu o seu robô (K-456) via controle remoto para fora da Galeria Whiteny onde estava sendo exposto. Ao cruzar a Avenida o Robô foi esmagado. Paik curiosamente tornou-se mídia, ou seja, virou produto daquele mesmo meio que ele costumava usar como arte, mostrando quão voláteis são as relações e as ordens no século da tecnologia.

1988 “Quanto mais melhor”. Torre composta de 1003 monitores de TV, tem 60 pés de altura, para os Jogos Olímpicos de Seul.